Templos
de diferentes religiões abrem as portas para peregrinos na JMJ
Centro de umbanda e igreja evangélica se cadastraram
para receber jovens.
Líderes dizem que convivência pode reforçar a tolerância religiosa.
Líderes dizem que convivência pode reforçar a tolerância religiosa.
Tássia ThumDo G1 Rio
Diferentes religiões
abrem as portas de seus templos para a JMJ, no Rio de Janeiro (Foto: Tássia
Thum/G1)
Centros de umbanda,
clubes judaicos, igrejas evangélicas e anglicanas serão alguns dos locais que
vão hospedar peregrinos que vem ao Rio de Janeiro, na Jornada Mundial
da Juventude. Os líderes das entidades garantem que as diferentes concepções de
crença não vão provocar atritos, mas sim reforçar o diálogo e a tolerância entre
as diversas religiões. Até a primeira semana de julho, mais de 300 mil pessoas
já estavam inscritas para participar do evento, que acontece entre 23 e 28 de
julho.
Com o altar que
inclui a imagem de Jesus Cristo, rodeada de estátuas de santos e pretos velhos,
a sala principal da Casa Irmandade Batuíra e Pai Miguel das Almas, em Anchieta,
no Subúrbio, será, por uma semana, a morada de 10 jovens. O coordenador do espaço,
o ex-seminarista Sebastião Mauro de Sá, 62 anos, acredita que não haverá
preconceito.
“Eu vou acolher
independente da religião, não tem diferenciação. O peregrino vem com o objetivo
dele, de ver o papa e participar de uma ação. Eu, no meu espaço, vou abrigar
apenas, não vou discutir religião”, diz Sebastião, que frequentou o Seminário
São José por oito anos, até seguir a umbanda.
Sincretismo religioso
O Centro Cultural Afro Ojuobá Axé, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, vai receber 70 jovens. A diretora da instituição, Luana Guimarães, conta que o sincretismo religioso faz parte do local. “Aqui oferecemos aulas de dança, capoeira, e temos frequentadores de várias religiões, como evangélicos, católicos e candomblecistas”, conta a baiana, uma das fundadoras do bloco Ilê Ayê.
O Centro Cultural Afro Ojuobá Axé, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, vai receber 70 jovens. A diretora da instituição, Luana Guimarães, conta que o sincretismo religioso faz parte do local. “Aqui oferecemos aulas de dança, capoeira, e temos frequentadores de várias religiões, como evangélicos, católicos e candomblecistas”, conta a baiana, uma das fundadoras do bloco Ilê Ayê.
O pastor Silas Esteves,
da igreja evangélica Palavra Viva, vai receber uma família italiana no
loteamento mantido pela congregação, em Niterói, na Região Metropolitana.
Esteves, que também é professor de teologia da Shiloh University, nos Estados
Unidos, acredita que o discurso do Papa no Brasil terá como tema a união.
“Na imaturidade, as
diferenças causam distanciamento, mas as diferenças precisam causar a unidade.
Cada parte diferente compõe o mesmo corpo. Somos diferentes, temos aspectos
doutrináveis distintos, a forma de orar diferente, mas um mesmo corpo, o de
Cristo”, conclui o pastor, acrescentando que fez jejum durante o conclave que
elegeu Francisco para o pontificado.
Estrangeiros
Seguidores da Igreja Anglicana também vão hospedar peregrinos em suas casas, de acordo com o bispo da Diocese Anglicana do Rio de Janeiro, dom Philadelpho Oliveira. No dia 24, o bispo, junto com outras lideranças anglicanas, vai participar de um evento com o Papa. Se tiver oportunidade de conversar com Francisco, ele pediria diálogo com as classes discriminadas e menos favorecidas.
Seguidores da Igreja Anglicana também vão hospedar peregrinos em suas casas, de acordo com o bispo da Diocese Anglicana do Rio de Janeiro, dom Philadelpho Oliveira. No dia 24, o bispo, junto com outras lideranças anglicanas, vai participar de um evento com o Papa. Se tiver oportunidade de conversar com Francisco, ele pediria diálogo com as classes discriminadas e menos favorecidas.
“Gostaria que ele
olhasse com carinho para os jovens marginalizados, que trabalhasse junto na
questão da tolerância com os diferentes. Me parece que ele [o papa] é uma
pessoa que caminha para essa direção”, comenta dom Philadelpho, que recebeu
pedidos de hospedagem de jovens da Austrália, Canadá e Estados Unidos.
O presidente da
Federação Israelita do Rio de Janeiro, Jayme Salomão, afirma que os clubes da
entidade podem receber atividades culturais e esportivas durante o período da
Jornada. “Esse é o momento de integrar. Acho que o Brasil tem totais condições
de fazer um evento que vai ter repercussão no mundo todo. Estamos buscando um
futuro mais promissor, e que ele seja acompanhado de paz e harmonia”, observa
Salomão.
A Irmã Graça Maria,
diretora executiva do setor de hospedagem, explica que todos os lugares
inscritos para receber peregrinos são vistoriados antes por uma equipe da JMJ,
além de ter o aval da Secretaria Extraordinária de Segurança para Grandes
Eventos (Sesge). “É um evento que estamos investindo na juventude, no nosso
país, no mundo. Temos que unir forças, acolhemos todas as ofertas “, conclui a
freira.